O MELHOR DO MUNDO

Boa noite

Obrigada “manuel neves” pelo seu comentário. São palavras como as suas que me dão força e me incentivam a perder a vergonha e o medo de expressar publicamente o que sinto.
Já tinha decidido não dar a conhecer um textozinho que escrevera no “Dia Mundial da Criança”.
No entanto agora sinto-me com coragem para o fazer.
…

Dia 1 de Junho de 2006 – Dia Mundial da Criança

Como é meu hábito, atravessei a pé parte da minha cidade para ir trabalhar. Mas nesse dia o movimento era diferente. Por todo o lado se viam grupos de crianças acompanhadas pelos seus professores e a dirigirem-se não sei bem para onde. Parei na Feira do Livro. Imensas crianças, mas poucas eram as que se mostravam realmente interessadas por livros. Aproveitei e comprei um livrinho para cada um dos meus netos. Não propriamente por ser o “Dia Mundial da Criança”, mas porque dois títulos me despertaram a atenção, por os achar apropriados à idade e personalidades da Mafalda e do Guilherme.
Considero-me uma avó moderna e participativa e penso que me compete, também a mim, um papel muito importante na educação dos meus netos.
Resolvi dar mais uma volta pela cidade (o meu patrão não se zanga por eu chegar tarde…). Constatei que o apelo à compra de presentes alusivos ao Dia era enorme (maldita sociedade de consumo) e continuei a ver crianças, muitas crianças, mas muito poucas me pareceram realmente alegres e felizes. Pareceu-me mais estarem todas como quem cumpre uma obrigação imposta: a de se “divertirem” por ser o Dia Mundial da Criança…
Na minha opinião há “Dias Mundiais” de demasiadas coisas. E deixam de ter qualquer significado positivo. São mais uma “obrigação” para “Inglês ver”!
Mas voltando às crianças. Bem melhor seria que todos, pais, avós, família professores, sociedade, se lembrassem, todos os dias, que as crianças são o melhor do Mundo. Que, todos os dias, lhes prestassem a atenção devida. Que, todos os dias, as fizessem sentir que são parte mito importante da sociedade. Que, todos os dias, as deixassem ser crianças. Mas que, todos os dias, também, as ajudassem a tomar os conhecimentos indispensáveis que as irão transformar em homens e mulheres do Futuro. Homens e mulheres responsáveis, dignos, trabalhadores, honestos. Homens e Mulheres de Bem.
Mas porque afinal estivemos a falar do “Dia Mundial da Criança”, para todas as crianças do mundo um enorme beijão.
E para elas também “Um conto em ão” do meu livro “Pedaços de Mim”, 25 Poemas – Ed. Folheto 2005.

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Um conto em ão

Para todos os meninos do Mundo, com um beijão

No reino da ilusão
E em tempos que já lá vão
Havia numa elevação
Um enorme casarão
E nele vivia João
Um pequeno e gordo anão.
João era resmungão
E pensava, sem razão,
Que era também valentão.
João tinha um guardião
Um enorme e feroz cão,
Esse sim, um valentão.
Era ele o Rodrigão.
Foi numa noite de verão,
Estava o cão junto ao portão,
Que se deu a aparição.
E dos céus em turbilhão
Com um grande barulhão
Surgiu enorme balão.
E o balão parou então
Mesmo em frente do portão.
Ladrou-lhe feroz, Rodrigão,
Zangado como um leão.
Entretanto o anão João
Ao ouvir tal confusão
Veio também ao portão.
Mas ao olhar o balão
O valentão do João
Ia caindo pró chão.
O susto que teve então
Cortou-lhe a respiração.
Valeu-lhe o bom Rodrigão
Que o agarrou pela mão
Evitando o trambolhão.
Foi então que do balão
Surgiu medonho aranhão.
Fez-lhe frente Rodrigão
E ladrando ão, ão, ão
Foi levando o aranhão
Para junto dum alçapão.
Entretanto o anão João
Correu para o casarão
A procurar protecção
Bem longe do aranhão.
De repente o gordo anão
Lembrou-se do seu arpão.
E deu-se a transformação!
Agarrando no arpão
O valentão do João
Atirou-se ao aranhão.
Deu-lhe enorme safanão
Depois mais um estaladão
E ajudado pelo cão
Atiraram o aranhão
Pr´ó fundo do alçapão.
Depois o anão João
Mais o seu cão Rodrigão
Meteram-se ambos no balão
E partiram os dois então
Para longe do casarão
Do reino da ilusão.
O aranhão? Pobretão!
Continua no fundo do alçapão.