sábado, dezembro 13, 2008

Feliz Natal para todos

(presépio de autoria da escultora Fernanda Lage)

Natal de 1950
Noite de Natal

A casa cheirava tão bem! A fruta; aos cozinhados que a Tá (a minha querida Tá – a Joaquina – uma empregada – criada como se dizia então – que me viu nascer e ainda hoje guarda por mim especial carinho), a minha mãe e a minha avó Clementina preparavam; ao musgo fresco do presépio acabado de construir. À entrada de casa, numa enorme bancada. Não faltava nada: a gruta em pedra e troncozinhos onde se abrigavam Nª Sª, S. José, o Menino Jesus, o boi e o burro; as casas da aldeia (feitas em cartão pela minha mãe), os rebanhos e seus pastores (entre eles um que a minha mãe baptizara de “Atão” – o pastor que guardava as ovelhas com um cão), os peregrinos que se dirigiam a Belém com mil ofertas, os caminhos de areia, o rio, o lago, a neve, e lá ao longe, os três Reis Magos.
A Madalena, uma amiga com “mãos de fada”, fora passar o Natal connosco. E que atarefada andara a fazer roupas pequeninas! Todas em cor-de-rosa. Para algum bebé seriam…
Jantámos e eu e o meu irmão fomos mandados para a cama. Caso contrário o Menino Jesus não desceria pela chaminé para pôr nos nossos sapatinhos os presentes tão desejados.
E lá fomos nós, não sem antes termos deixado na chaminé, bem à vista, os nossos sapatos mais novos e bem limpinhos. Havia que mostrar ao Menino Jesus que éramos meninos bem comportados!
Ainda cedo, madrugada, acordei. Corri à cozinha. No meu sapatinho, o presente mais desejado: uma cadeirinha de bebé igualzinha à dos bebés verdadeiros e um bebé, também igualzinho aos bebés verdadeiros, todo vestidinho como se verdadeiro fosse! De roupinhas cor-de-rosa! Não lhe faltava nada, desde as roupinhas interiores, babetes, casaquinhos e até uns sapatinhos de verdadeira pele!
Lembro-me de ficar maravilhada e de gritar: “Mãezinha, Paizinho, Madalena! O Menino Jesus trouxe-me um bebé com roupinhas e tudo!”.
Ainda hoje sinto o encanto desse dia!
E que bom seria, que presente enorme do Menino Jesus, se os meus netos, um dia, já idosos como eu, pudessem recordar-se, com saudade e encanto, dos seus Natais!
Tudo fiz, tudo faço e tudo farei, para que esta magia maravilhosa não desapareça, nunca!
São momentos desta felicidade mágica que fazem com que a vida mereça a pena.
Feliz Natal para todos.
Um abraço,

Avó Zaida
13 de Dezembro de 2008

7 comentários:

arte disse...

Desejo á Avó Zaida e aos seus familiares um FELIZ NATAL.São contos assim maravilhosos que nunca mais esqueceremos o Natal.

Anónimo disse...

Lindo conto e tão sentido!
Feliz Natal!
Beijo.
isa.

Alda M. Maia disse...

Eram Natais tão sentidos, não eram?
Mais que a pensar nas prendas e prendinhas, aguardava-se com uma ansiedade alegre a festa do "Dia de Consoada" e, de seguida, o Dia de Natal.
Pode ter a certeza que os seus netos conservarão essas recordações que a Avó Zaida lhes vai construindo.
Bom regresso à blogosfera.
Um grande abraço

Desambientado disse...

Que lindo...
Magnífico...
É de facto uma grande artista.

Votos de uma Boas Festas para si e toda a família.

Al Cardoso disse...

Que bonitas lembrancas de outros Natais!

Queira D. Zaida receber deste amigo, uns sinceros desejos dos melhor Natal e Ano Novo!

Um abraco amigo e dalgodrense.

Menina Marota disse...

"...Tudo fiz, tudo faço e tudo farei, para que esta magia maravilhosa não desapareça, nunca!
São momentos desta felicidade mágica que fazem com que a vida mereça a pena."

E tem razão! São momentos destes, que também povoam o meu pensamento, que fazem com que o natal sobreviva a tanta "crise".

Lindo o seu texto, Avó Zaida. Maravilhosamente lindo!

Um grande beijo cheio de afecto ;))

aavozaida disse...

Queridos amigos

Obrigada pela vossa visita e pelas vossas deliciosas palavras.

Que bem me souberam!
Verdadeiras rabanadas natalícias!
Abraços

Zaida